sábado, 16 de julho de 2011

Desenvolvimento Psicossocial na Terceira Infância

(Parte 3/4)

Referência: PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. Trad. Daniel Bueno. 7ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Na terceira infância serão tratadas de questões como as vidas emocionais e sociais ricas e variadas de crianças em idade escolar; mudanças na personalidade que acompanham o crescimento físico e cognitivo. O desenvolvimento de conceitos mais realistas de si mesmo por parte dos jovens e como estes se tornam independentes dos pais e mais envolvidos com outras crianças. Das descobertas sobre suas próprias atitudes, valores e habilidades.

No “desenvolvimento do eu” é trata ainda da questão do autoconceito, o que se inicia na fase da primeira infância – e deveria se prolongar para o restante da vida. “O autoconceito se desenvolve continuamente a partir da infância. O crescimento cognitivo que ocorre durante a terceira infância permite aos jovens desenvolver conceitos mais realistas e mais complexos de si mesmos e de sua capacidade de sobreviver e ter êxito em sua cultura”. E como um dos resultados desta autoconceituação acontece que se desenvolve a auto-estima nas crianças – resultante do processo de descoberta de valor próprio e para com a sociedade.

Segundo os “Sistemas Representacionais” – perspectiva neopiagetiana, durante os sete ou oito anos, as crianças atingem o terceiro estágio de desenvolvimento do autoconceito. Este trata-se do conceito de si mesmo amplo e abrangente que integram diferentes características do eu (Harter, 1993). “ Sua visão de si mesma é importante para o desenvolvimento da auto-estima, sua avaliação de seu valor pessoal”. Nesse sentido, é passível de comparação entre o eu real e o eu ideal.

A “auto-estima”, em suas origens, atenta à opinião da criança sobre sua capacidade para o trabalho produtivo. – produtividade versus inferioridade, (Erikson 1982). “As crianças precisam adquirir habilidades valorizadas em sua sociedade”. Crianças com baixa auto-estima tendem a serem deprimidas. Logo, diminuem o nível de energia, afetam seu desempenho e a continua diminuição da auto-estima (Harter, 1990).

Outra perspectiva de auto-estima é identificada por Harter (1985), quando em sua pesquisa, aponta que a aparência física torna-se uma preocupação para a criança, pondo em jogo a sua aceitação social.

Tanto o desenvolvimento emocional como o cognitivo contribuem para a auto-estima. Aproximadamente aos sete ou oito anos de idade, as crianças podem internalizar integralmente a vergonha e o orgulho […]; e essas emoções complexas, as quais dependem da consciência das implicações de suas ações e do tipo de socialização que as crianças receberam, afetam sua opinião de si mesmas” (Harter, 1993).

A criança na família”, durante a idade escolar, passam mais tempo longe de casa do que antes. Entretanto, as pessoas de seu convívio continuam sendo fundamentais para o seu desenvolvimento.

Para compreender a criança na família precisamos observar o ambiente familiar – sua estrutura e atmosfera; mas isso, por sua vez, é influenciado pelo que ocorre fora de casa.”. Exemplos de outras influências são: a condição socioeconômica dos pais, se são divorciados, a profissão que exercem, se há segundo casamento e valores culturais.

O contexto cultural” assume papéis de grupos étnicos. Estes, por sua vez, assumindo estratégias adaptativas diferentes, mas que se limitam na produção de padrões culturais, os quais influenciam no desenvolvimento das crianças.

Para “educar” as crianças é preciso que haja liberdade e ao mesmo tempo restrição. “Co-regulação e disciplina”.

A co-regulação reflete aspectos sociais do autoconceito em formação da criança. À medida que começam a coordenar o que querem com o que a sociedade exige, as crianças têm mais chances de prever como as outras pessoas irão reagir ao que elas fazem ou de aceitar um lembrete dos pais de que os outros terão uma opinião melhor delas se elas se comportarem de outra forma”. Esta, é também um processo cooperativo, pois, com relação aos pais, só terá êxito se houver comunicação entre criança e pais e aconteça de forma clara. Desta forma, oferecendo atenção à criança, escutando-a, cooperando com o seu desenvolvimento e crescimento, é bem provável que este ambiente possua uma “atmosfera familiar” boa, logo, adequada para tal.

Problemáticas que podem alterar essa atmosfera, são circunstância criadas ou envolvidas com o efeito do trabalho. Tanto da mãe como do pai. “As crianças em idade escolar de mães empregadas tendem a viver em lares mais estruturados do que as crianças de donas de casa em tempo integral, com regras bem definidas que lhes atribuem mais responsabilidades. Elas também são mais estimuladas a serem independentes. A independência ajuda as meninas a se tornarem mais competentes, a realizar mais na escola e ter melhor auto-estima” (Bronfenbrenner & Crouter, 1982).

As famílias que as mães trabalhar não se encaixam em um padrão único. Os problemas podem “provir principalmente do ritmo lento no qual a sociedade tem se adaptado a esse novo padrão familiar” (L. W. Hoffman, 1989, p. 290).

Para com os pais, a situação é que enquanto pai, seu papel seria “'ver os filhos amadurecerem e mudarem'; as preocupações incluíam “ter muitas discussões e conflitos com eles”. Alguns consideram que é algo bom o fato de não possuírem emprego, ou tê-lo parcialmente, para poderem dividir horários com tarefas domésticas e poderem cuidar das crianças.

Alguns homens encaram a oportunidade de passar mais tempo com as crianças como um aspecto positivo do fato de estarem sem emprego. As reações de um homem são moderadas por seu relacionamento com a esposa e temperamentos das crianças (Bronfenbrenner & Crouter, 1982).

Há casos também de “assistência após a escola”. E nisto, acarretam em crianças que se cuidam sozinhas e crianças com um certo índice de carência, neste caso, havendo a supervisão da mesma. É de se saber que:

Antes de tomarem conta de si mesmas, as crianças devem ser capazes de controlar suficientemente bem seus corpos para não se machucarem; guardar chaves e manusear fechaduras de maneira apropriada para evitar ficarem trancadas por dentro ou por fora de casa; saber operar com segurança os eletrodomésticos necessários; ficar sozinhas sem ficar com medo ou sentirem-se solitárias; ter condições de lidar com o inesperado; ser responsáveis o suficiente para seguir regras importantes; compreender e lembra-se de instruções faladas e escritas; e ler e ver suficientemente bem para anotar recados pelo telefone. Elas devem saber o que dizer e fazer que fazer quando a visitantes e chamadas no telefone; por exemplo, elas não devem dizer a estranhos que estão sozinhas em casa, e não devem abrir a porta para ninguém exceto para familiares e amigos. Elas também devem saber como obter ajuda numa emergência: como chamar a polícia e os bombeiros, que amigos e vizinhos chamar e que outros recursos utilizar”.

Mas, daí a questão: quem ensina?

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